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‘Pia era apática e Arthur Elias é diferente’, compara Milene

Arthur Elias é o técnico da seleção feminina
Arthur Elias substitui Pia Sundhage como técnico da seleção feminina. Crédito: CBF / Divulgação

Arthur Elias começou seu trabalho à frente da seleção feminina no último dia 19, com o início de um período de treinos na Granja Comary, em Teresópolis. Sem partidas marcadas para a equipe, ainda não será agora que o torcedor poderá ver uma das maiores diferenças entre o treinador e sua antecessora, Pia Sundhage. Para Milene Domingues, o estilo à beira do gramado durante os jogos é algo que vai chamar a atenção quando começarem as comparações entre os estilos.

O que esperar de Arthur Elias

A ex-jogadora falou com exclusividade com o Apostagolos.com sobre o que espera do trabalho do atual técnico do Corinthians. Crítica da treinadora sueca, vê a possibilidade de a seleção brasileira se beneficiar, no fim das contas, da campanha decepcionante na Copa do Mundo na Austrália e na Nova Zelândia.

– Temos um treinador hoje que entende demais de futebol feminino, e de repente tem um espírito mais brasileiro. Não que a Pia não tivesse, mas culturalmente ficamos com essa decepção na Copa. Pia era passiva, apática. Ficava da forma dela, sofrendo. Já o Arthur Elias é diferente. A gente no Corinthians diz que se o Artur Elias começou a tirar o boné à beira do campo, é porque tem alguma coisa incomodando ele – explicou.

– Acredito que será uma mudança na seleção que vai dar muito resultado. Nada acontece por acaso. De repente, essa mudança veio para melhor, no fim das contas. Ano que vem, tem as Olimpíadas de Paris.

Trabalho com a base

Milene Domingues tem conhecimento de causa. Vive os bastidores do futebol feminino do Corinthians há anos, desde que se tornou embaixadora do time paulista. Com a oportunidade de acompanhar o trabalho de Arthur Elias de perto, Milene Domingues viu o treinador ser mais uma vez campeão brasileiro com o Corinthians.

– Ele sabe trabalhar não apenas a parte tática, o estilo de jogar. Se você olhar a base do Corinthians jogando, todo mundo tem um estilo parecido com o do profissional. Vemos as escolinhas trabalhando assim e a jogadora, quando chega ao profissional, já sabe como jogar. É claro que tem as suas adaptações, mas chega mais confiante. O Arthur Elias, desde o ano passado, usou muito a base no Corinthians. Ele já vem com a filosofia de que a base deve ser bem aproveitada e que tem de dar oportunidade – afirmou.

– A seleção não tem o mesmo tempo de treinamento que existe nos clubes e isso sim é diferente. A comissão técnica do Arthur Elias trabalha demais. Já cansei de vê-la seguir cinco, seis horas depois de o treino acabar, assistindo a vídeos, estudando os adversários. Isso é muito legal. O futebol é cada vez mais estudado. Ele vai juntar as gerações. Eu fiquei muito feliz por ter visto o Arthur chamar a Cristiane. Eu sei a luta da Cris para manter a forma física com a idade que tem, sendo atacante. Não teve uma pessoa que não achou que ela não merecia estar na seleção na Copa do Mundo (Cristiane não foi convocada por Pia Sundhage).

Turbulência espanhola

A entrevista de Milene Domingues ao Apostagolos.com acontece em meio às mudanças no futebol espanhol, consequência do título na Copa do Mundo feminina e também do escândalo envolvendo Luis Rubiales – o dirigente pediu demissão do cargo de presidente da Federação Espanhola depois de beijar Jennifer Hermoso à força na comemoração do título.

As jogadoras têm ameaçado se recusar a defender a seleção se não tiverem reivindicações atendidas, como a demissão de outros dirigentes da federação, o fim do machismo na instituição, entre outros pontos.

– Existia o medo que a vitória da Espanha escondesse problemas internos. E como já disse, nada acontece por acaso. Rubiales teve aquele ato infeliz, mas que fez tudo vir à tona. Aquela imagem deu voz às coisas que as meninas já estavam falando que estava acontecendo. Talvez, se não tivesse acontecido o beijo, o futebol espanhol cairia na mesmice. Mas hoje as jogadoras espanholas têm voz e têm força – festejou.

– Rubiales não pediu demissão porque se arrependeu do ato. E sim porque ele estava pressionado. Na entrevista depois, mostrou que não estava arrependido. Sei que é um período turbulento, de muita luta. Sei que elas gostariam de estar apenas celebrando o título, mas os pedidos que elas fazem não é nada exagerado, não vai além do que é direito delas. Elas acabam dando força a outras jogadoras, de outros países.

Bruno Marinho
42 artigos
Jornalista esportivo com passagens pelas redações do 'Lance', do 'Extra' e do 'Globo', com a cobertura das Copas do Mundo de 2014, 2018 e 2022 no currículo. Apaixonado por esportes e boas histórias.