Desde que se tornou piloto da Ferrari, em 2019, Charles Leclerc nunca chegou a um Grande Prêmio da Itália tão criticado como agora. O piloto vive uma de suas piores fases na Fórmula 1, com o segundo pior aproveitamento de pontos nas cinco temporadas pela equipe italiana, e atrás do companheiro de equipe, Carlos Sainz, na classificação do campeonato. Tudo isso às vésperas da corrida mais importante do ano para os ferraristas, que acontece neste domingo (3/9), no Circuito de Monza.
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Muitos questionam a qualidade do piloto e as análises anteriores, de que era alguém com potencial para ser campeão do mundo, caso tivesse carro competitivo o bastante. Outros tentam identificar o que acontece com Leclerc, que não tem conseguido mais ser tão rápido quanto já foi em outros tempos. É o caso de Emerson Fittipaldi, ex-piloto da Ferrari e bicampeão da Fórmula 1.
A má fase de Charles Leclerc na F1
‘Leclerc tem talento’
Em entrevista exclusiva ao Apostagolos.com, ele deu a sua versão do que está acontecendo com o piloto monegasco. Para o brasileiro, é tudo uma questão psicológica.
“Charles Leclerc precisa ficar mais focado e menos preocupado. Quando um piloto coloca muita pressão sobre ele mesmo e é essa a percepção que eu tenho de fora: é muita pressão sobre ele mesmo”.
“Quando um piloto coloca muita pressão sobre si mesmo, é o pior que ele pode fazer. Sabemos que o Leclerc tem talento. Ele precisa ser mais relaxado. E se ele consegue fazer isso, ele vai pilotar melhor e cometer menos erros”.
“Todo atleta que coloca muito peso sobre si mesmo sai da sua janela produtiva. Se a pressão é demais, não é bom; se é de menos, você não performa. Todo atleta tem uma janela de performance e para mim ele está exagerando na pressão, o que faz com que cometa erros que não são à altura do talento fenomenal que tem. Ele precisa se colocar nessa janela, mas eu sei que é mais fácil falar do que fazer”.
Números decepcionantes
Na temporada, Charles Leclerc tem tido desempenho decepcionante, ainda que a própria Ferrari não ofereça um carro para o piloto estar brigando por posições no pódio.
Depois do Grande Prêmio da Holanda, que abandonou depois de problemas mecânicos decorrentes de toques em outros pilotos, Leclerc estagnou nos 99 pontos, que dá um aproveitamento para ele de 27,3% dos pontos possíveis.
No geral, tem sido seu segundo pior aproveitamento desde que assumiu um dos cockpits da Ferrari, em 2019. Supera apenas o de 2020, quando o desempenho ruim da equipe italiana jogou seus pilotos para o fundo do grid. Mas como ainda terminou aquele ano com quase o triplo de pontos do companheiro de Ferrari, Sebastian Vettel, o saldo de Leclerc ainda foi positivo.
Ano | Posição | Pontos | Aproveitamento |
2019 | Quarto | 264 | 48,3% |
2020 | Oitavo | 98 | 22,1% |
2021 | Sétimo | 159 | 27,3% |
2022 | Segundo | 308 | 51,6% |
2023* | Sexto | 99 | 27,3% |
*Temporada em andamento
Sainz mais constante
Para completar, Charles Leclerc tem sido superado pelo companheiro de equipe este ano, o espanhol Carlos Sainz. A diferença de pontos entre os dois é pequena, 102 a 99 para Saiz, mas o que tem incomodado mais os torcedores da Ferrari é o contraste em termos de constância. Enquanto Leclerc já abandonou três corridas na temporada, Sainz não terminou apenas uma.
Isso reforça a ideia de que o monegasco pode até ser mais veloz, mas não é tão habilidoso quanto o espanhol quando o assunto é corrida e todas as circunstâncias que ela traz, de disputa de posição, desgaste de pneus, estratégia, entre outros fatores. Emerson Fittipaldi comentou a disputa interna:
“Sainz parece ser mais consistente nas corridas. Isso cria mais pressão sobre Leclerc, especialmente neste fim de semana. Sabemos que seu companheiro de equipe está lá, entregando resultados, com o mesmo equipamento que você. Isso começa a criar pressão e se você não é forte mentalmente, isso cria dificuldades”.
“Todo time precisa de pilotos que terminem suas corridas. Juan Manuel Fangio tinha uma boa frase para isso: ‘Primeiro você termina a corrida, depois você se preocupa em vencer‘.”