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Campeã Argentina é ignorada por clubes europeus na janela

Argentina
Mac Allister foi o único jogador da Argentina a figurar entre as 100 maiores contratações na janela de transferências. Crédito: IMAGO / Propaganda Photo

Atual campeã do mundo, a Argentina teve apenas um jogador entre as 100 maiores transações de jogadores na mais recente janela de transferências do futebol europeu, encerrada na última sexta-feira (1º de setembro). Esse dado foi descoberto em levantamento inédito feito pelo Apostagolos.com, que revelou essa e outras informações sobre como o Mundial no Catar impactou a última rodada do mercado de jogadores.

Veja também: Copa do Mundo valoriza 14 jogadores de Argentina e França no mercado

A pesquisa levou em consideração as 100 transações que movimentaram mais dinheiro nas cinco principais ligas nacionais da Europa (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França). E comparou o resultado com os dados obtidos nas janelas de transferências que sucederam as Copas do Mundo de 2018 e 2014. A fonte primária dos valores foi o site especializado “Transfermarkt”.

Mercado menos afetado pelo Mundial

O levantamento mostrou que não foi apenas a Argentina que não colheu grandes frutos do título no Catar. O Marrocos, sensação da Copa ao terminar a competição em quarto lugar, não teve nenhum jogador protagonizando as 100 principais transferências no futebol europeu.

Os números surpreendem, uma vez que, nas duas Copas passadas, jogadores de seleções que se destacaram no Mundial ou de mesma nacionalidade apareceram em boa quantidade entre as 100 maiores transferências. Foi assim em 2014, quando argentinos e alemães lideraram o ranking de países com mais jogadores entre as transferências mais caras. O mesmo aconteceu com a França em 2018.

Ajuda a explicar isso a distância cronológica entre a Copa do Mundo de 2022, disputada em novembro, e a janela de transferências europeia seguinte, aberta em julho. Além do mais, com a quantidade de informação disponível sobre o desempenho dos jogadores em seus respectivos clubes, e a cada vez maior valorização dos campeonatos nacionais e internacionais, em especial a Champions League, o desempenho das seleções nos Mundiais perdem peso como parâmetro no mercado de transferências.

Um bom exemplo disso é a Inglaterra, que parou ainda nas quartas de final na Copa do Mundo, mas que atualmente possui o campeonato nacional mais forte da Europa, incluindo o atual campeão europeu, o Manchester City. Os jogadores ingleses foram os que mais apareceram entre as 100 maiores transferências da última janela.

Argentina dependente de Messi

Alexis Mac Allister foi o único jogador da Argentina a figurar entre as 100 maiores transferências do mercado europeu. Recentemente, outro argentino que movimentou muito dinheiro foi Enzo Fernandez, ao trocar o Benfica pelo Chelsea. Mas sua transferência ocorreu na janela de inverno, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Como ela ocorre no meio da temporada, movimenta bem menos jogadores e dinheiro do que a janela de verão, entre o encerramento de uma temporada e o começo de outra. Por isso, não foi levada em consideração no levantamento.

Tirando os dois jogadores, nenhum nome da Argentina foi capaz de mobilizar um clube europeu, e torná-lo disposto a investir quantia pesada na contratação. Eleito melhor goleiro da Copa do Mundo, Emiliano Martínez seguiu no Aston Villa, da Inglaterra. Equipes de peso da Europa e muito próximas de Martínez, Manchester City e Chelsea investiram na contratação de goleiros, mas não se concentraram em um dos heróis do título argentino.

O pouco interesse nos jogadores da Argentina depois do título mundial reforça a percepção de que a conquista ficou bem concentrada nas atuações de Lionel Messi. O argentino encerrou sua história no futebol europeu ao se transferir para o Inter Miami, dos EUA. Outro destaque argentino no Catar também está na reta final da carreira. Di María trocou a Juventus pelo Benfica.

Sauditas levam brasileiros

O Brasil teve desempenho regular na janela de transferências europeia. Cinco jogadores figuraram entre as 100 maiores transferências (Matheus Cunha, João Pedro, Matheus França, Igor e Deivid Washington).

O número poderia ser maior, mas os jogadores do país estão entre os mais visados pelos clubes da Arábia Saudita, atualmente entre os que mais investem na contratação de jogadores no mundo.

Neymar, Malcom, Roger Ibañez e Fabinho foram contratados para a disputa do Campeonato Saudita – Firmino também se transferiu para o país, mas foi a custo zero porque seu contrato com o Liverpool estava no fim. Os valores envolvidos nas contratações dos quatro os colocariam entre as maiores contratações da janela europeia, se tivessem sido feitas por clubes da Europa.

Bruno Marinho
42 artigos
Jornalista esportivo com passagens pelas redações do 'Lance', do 'Extra' e do 'Globo', com a cobertura das Copas do Mundo de 2014, 2018 e 2022 no currículo. Apaixonado por esportes e boas histórias.