A Seleção Brasileira enfrentava a Argentina, na Arena Corinthians, na tarde deste domingo, pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo, até a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entrar em ação aos cinco minutos do primeiro tempo. Agentes da entidade e da Polícia Federal invadiram o campo e interromperam o jogo. O motivo? Quatro jogadores da Argentina (o goleiro Emiliano Martínez, o zagueiro Cristian Romero, o volante Lo Celso e o meia-atacante Emiliano Buendía) não poderiam ter sido relacionados para o jogo. Eles, segundo a agência, deveriam ter sido deportados por não terem cumprido a quarentena necessária ao chegarem ao Brasil. Segundo a Anvisa, além disso, os atletas deram informações falsas na entrada do país.
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Quase uma hora depois de o jogo ser paralisado, a Conmebol informou nas redes sociais que “por decisão do árbitro da partida, o encontro organizado pela Fifa entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo fica suspenso”. Resta saber se teremos um novo jogo entre Brasil e Argentina, ou se alguma das seleções ficará com os três pontos. A Fifa é quem tomará a decisão.
Enquanto a delegação da Argentina se aprontava para deixar o Itaquerão, a Seleção Brasileira aproveitou para realizar um rachão. A equipe do técnico Tite volta a campo na quinta-feira, às 21h30, para enfrentar o Peru, na Arena de Pernambuco, pela 10ª rodada das Eliminatórias.
Lembrando que a Seleção Brasileira lidera as Eliminatórias com 21 pontos (7 vitórias em 7 jogos), seis a mais que a vice-líder Argentina, que tem 15 pontos.
Confira abaixo a nota oficial da Anvisa.
“Desde a tarde deste sábado (4/9), a Anvisa, em reunião ocorrida com a participação de representantes da CONMEBOL, CBF e da delegação argentina recomendou a quarentena dos quatro jogadores argentinos, ante a confirmação de que os jogadores prestaram informações falsas e descumpriram, inequivocamente, a Portaria Interministerial nº 655, de 2021, a qual estabelece que viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, pelo Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia, estão impedidos de ingressar no Brasil.
Neste domingo, pela manhã, a Anvisa acionou a Polícia Federal a fim de que as providências no âmbito da autoridade policial fossem adotadas de imediato.
No exercício de sua missão legal, a Anvisa perseguiu, desde o primeiro momento, o cumprimento à legislação brasileira, que, nesse caso, se restringia à segregação dos quatro jogadores envolvidos e a adoção das medidas sanitárias correspondentes.
Desde o instante em que tomou conhecimento da situação irregular dos jogadores – no mesmo dia da chegada da delegação – a Anvisa comunicou o fato às autoridades brasileiras em saúde, por meio do CIEVS – o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde.
Por força dessa comunicação, ainda na tarde do sábado, ocorreu a reunião já referida envolvendo o Ministério da Saúde, secretaria estadual de saúde de São Paulo, representantes da CONMEBOL, CBF e da delegação argentina. Nessa reunião, a Anvisa, em conjunto com a autoridade de saúde local, determinou, no curso da reunião, a quarentena dos jogadores.
Cabe esclarecer que os jogadores entraram no Brasil às 8h do dia 3/9, prestando informações falsas. Neste mesmo dia, a Anvisa identificou que as informações eram falsas e ainda na noite do dia 3/9, a Anvisa notificou o CIEVS, atualizou as autoridades de Saúde (Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde de São Paulo).
No dia 4/9, às 17h, foi realizada a reunião com as instituições envolvidas, na qual a Anvisa e autoridade saúde de São Paulo informaram a contingência de quarentena. No entanto, mesmo depois da reunião e da comunicação das autoridades, os jogadores participaram de treinamento na noite do sábado.
Na manhã deste domingo, a Anvisa notificou a Polícia Federal, e até a hora do início do jogo envidou esforços, com apoio policial, para fazer cumprir a medida de quarentena imposta aos jogadores, sua segregação imediata e condução ao recinto aeroportuário. As tentativas foram frustradas, desde a saída da delegação do hotel, e mesmo em tempo considerável antes do início do jogo, quando a Anvisa teve sua atuação protelada já nas instalações da arena de Itaquera.
A ação da Anvisa, em síntese, se limitou a buscar o cumprimento das leis brasileiras, o que se limitaria à segregação dos jogadores e as suas respectivas autuações.
A decisão de interromper o jogo nunca esteve, nesse caso, na alçada de atuação da Agência. Contudo, a escalação de jogadores que descumpriram as leis brasileiras e as normas sanitárias do país, e ainda que prestaram informações falsas às autoridades, essa assim, sim, exigiu a atuação da Agência de estado, a tempo e a modo”.
Presidente da CBF critica a Anvisa
Presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues fez duras críticas à Anvisa, em entrevista concedida no campo ao canal Sportv.
– Todos levaram um susto. Quero dizer que é lamentável. Jogo entre Brasil e Argentina desperta o interesse de todo mundo. A CBF não teve participação em nenhum momento. Há três dias, pessoas da Anvisa já estavam acompanhando a seleção da Argentina. Tem um protocolo para todas as seleções para a entrada no Brasil. Portanto, nos causou estranheza essa situação, deixar para fazer isso com o jogo começando – disse Rodrigues.
– A CBF não fez parte de nenhuma negociação para retirar os jogadores de campo. A CBF respeita as questões sanitárias, seria uma questão da Conmebol com a Anvisa. Há três dias a Argentina era monitorada, deixar para acontecer tudo isso… – acrescentou o dirigente.
Em seu site oficial, a CBF emitiu um comunicado:
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente os fatos ocorridos e que acabaram por provocar a suspensão da partida entre Brasil e Argentina, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022.
A CBF defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade. Porém ressalta que ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo.
A CBF destaca ainda que em nenhum momento, por meio do Presidente interino, Ednaldo Rodrigues, ou de seus dirigentes, interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país. O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado.
A CBF reitera sua decepção com os acontecimentos e aguarda a decisão da CONMEBOL e da FIFA em relação à partida”.