A ginasta paulista Rebeca Andrade, de 22 anos, fez história nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Com uma atuação quase perfeita nos quatro aparelhos (salto, barras assimétricas, trave e solo), ela conquistou nesta quinta-feira a medalha de prata no individual geral (com 57,298 pontos), sendo superada apenas pela norte-americana Sunisa Lee, que somou 57,433 pontos e ficou com o ouro. Rebeca é a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha olímpica na ginástica. Que espetáculo.
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– Essa medalha não é só minha, é de todo mundo. Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Se eu não tivesse cada pessoa dessa na minha vida, isso aqui não teria acontecido. Tenho certeza disso. Sou muito grata a todo mundo mesmo. Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes – disse a ginasta do Time Brasil e do Flamengo.
– Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes para passar por dia. Tive pessoas maravilhosas que me ajudaram a passar por esse processo, espero que vocês tenham pessoas incríveis para ajudar a chegar no topo assim como cheguei. Eu sou muito grata. Mando todo meu amor para todas as ginastas que passaram por aqui, que estão feliz com meu sucesso, estou muito grata mesmo – acrescentou.
Rebeca foi perfeita nos três primeiros aparelhos (salto, barras e trave) e foi para o solo, seu aparelho mais forte, com a segunda colocação. A esperança para a medalha de ouro era enorme. Foi no solo (ao som do hit baile de favela), porém, que vieram os maiores erros da brasileira. Em dois saltos, ela aterrissou fora da área permitida e perdeu alguns pontos. Mas não foram muitos e Rebeca conseguiu ficar com a medalha de prata. A russa Angelina Melnikova ficou com o bronze.
Rebeca Andrade, vale frisar, ainda pode conquistar mais duas medalhas em Tóquio. No domingo, dia 1º de agosto, às 5h45, ela disputa a decisão do salto, e na segunda-feira, no mesmo horário, ela disputa a final do solo. Serão oito atletas em cada final.
– Pode combinar com qualquer uma (medalha), pode vir qualquer uma que estarei feliz demais. Se não vier também estou feliz demais. Deus sabe de todas as coisas e eu sou grata por tudo que ele tem me dado. Antes de sair da barriga da minha mãe já era grata – disse a medalhista.
Mais um dado interessante que é importante lembrar. Caso Rebeca conquiste as três medalhas, ela iguala Isaquias Queiroz, que é o único atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma mesma Olimpíada. Na Rio-2016, ele conquistou duas pratas e um bronze.
O Flamengo, clube pelo qual Rebeca atua, comemorou a medalha da ginasta e brincou com a comemoração.
Mayra Aguiar faz história no Judô
As mulheres brasileiras estão com tudo nessa Olimpíada. A judoca gaúcha Mayra Aguiar também fez história nesta quinta-feira. Ela conquistou a medalha de bronze na categoria até 78kg e se tornou a primeira brasileira a conquistar três medalhas olímpicas em um esporte individual, e também a primeira a fazer isso em sequência. Mayra tem um bronze em Londres-2012 e um bronze na Rio-2016.
– Não estou conseguindo falar, estou emocionada. Acho que é a conquista mais importante para mim. Foram difíceis os últimos tempos, bem difíceis, tem que superar, superar de novo e de novo. Não aguentava mais fazer cirurgia, ainda mais no momento que vivemos, tive medo, angústia. Mas continuei. Dar o nosso melhor vale a pena – disse Mayra à TV Globo.
Para conquistar a medalha de bronze, Mayra precisou derrotar a sul-coreana Hyunji Yoon. E foi uma vitória espetacular. A brasileira imobilizou a atleta asiática e só largou quando venceu a luta. Foram 20 segundos segurando Yoon no chão, estilo que não é a sua especialidade. Mayra fez questão de agradecer aos familiares.
– Muito importante para mim. Não conseguiria nada sem minha família, me apoiaram em tudo e estavam comigo nos momentos mais complicados. Obrigada por me apoiar, por me aguentar, eu sou bem chata às vezes (…) Meus técnicos, apoio, todos que me fazem levantar todos os dias. Obrigada por estarem ali. Beijo para o seu Moacir. Me fez amar luta no chão. Pensei: “Não vou soltar, tenho potencial para ganhar essa luta”. Beijão a todos. Obrigada de coração – finalizou Mayra.
O Judô se tornou, por ora, o esporte que mais deu medalhas olímpicas ao Brasil. São 24 no total, três de Mayra, a maior do Brasil na modalidade, entre mulheres e homens.
A japonesa Shori Hamada superou a líder do ranking Madeleine Malonga, da França, e ficou com a medalha de ouro na categoria até 78 kg.